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Mais do mesmo

por Luís Naves, em 02.01.16

Numa larga extensão de terreno, vejo apenas as cores fortes e as formas estranhas dos edifícios. Todos eles têm largas superfícies envidraçadas e parecem bonecos de plástico que uma criança abandonou no chão do quarto. Torna-se quase enjoativo o contraste entre carmim, açafrão, ocre e azul-cobalto. Os edifícios estendem-se ao longo de avenidas intermináveis, como se fossem sequências diferentes das mesmas proteínas. Há por esta zona da cidade centenas de empresas, na sua maioria estrangeiras, mas não vejo árvores ou qualquer sinal da natureza. O futuro que aqui se constrói será um mundo artificial. Nas caves dos andares inferiores, os laboratórios futuristas são controlados por máquinas, algumas das quais lembram formas humanas e, segundo me disseram, algumas das quais escondem, atrás das placas de materiais resistentes, componentes orgânicos sofisticados que melhoram a sua inteligência artificial. Os olhos são meio biológicos, metade máquina; os cérebros têm tecidos com ADN desenvolvido por computador e adaptado às funções complexas da sua utilização. Conheci um dos donos do bairro tecnológico e perguntei-lhe o que se fabricava ali e ele disse-me, encolhendo os ombros e desviando o olhar, que não me inquietasse, pois “fabrica-se mais do mesmo”.


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