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Esplendores

por Luís Naves, em 28.01.16

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As esplendorosas cidades submarinas do Mediterrâneo são talvez a maior maravilha do nosso tempo, um triunfo da tecnologia e da vontade humana. E que dizer das bases escavadas no gelo em Calisto, a única lua de Júpiter onde o nível de radiação permite passeios espaciais? E das próprias naves que nos levam a essas distâncias em menos de seis meses? Mas se me perguntam o que faz hoje a humanidade de mais espantoso, a minha escolha não vai para estas jóias da engenharia e da estética, mas para a forma como começamos a poder transformar o próprio ser humano. Em clínicas especializadas, é possível recorrer a técnicas médicas que permitem prolongar a vida dos afortunados. Não se sabe ainda até que ponto é possível viver: a longevidade humana acaba de ultrapassar 132 anos, mas é possível ir muito além disso, talvez a mais de 200 anos. O adiamento do envelhecimento é um desejo antigo, mas foi concretizado no essencial há menos de 50 anos, pelo que ainda não temos pessoas suficientemente velhas para conhecermos os limites. E talvez a outra grande maravilha do nosso tempo seja a inteligência artificial, desenvolvida com salvaguardas que impedem as máquinas de se tornarem um perigo para a vida. Os antigos não podiam imaginar máquinas inteligentes que permitem equipar um hospital de província com os melhores cirurgiões ou uma escola pública com professores programados para saber tanto como vencedores de prémios Nobel. A inteligência artificial é o nosso grande feito de criação e começámos recentemente a enviar para as estrelas drones capazes de pensamento independente. Para Alpha Centauri a viagem durará 100 anos e o drone não precisa de atmosfera ou comida, sendo portanto mais leve do que um voo tripulado e na mesma capaz de todas as tarefas de estudo desse sistema.

Dinheiro

por Luís Naves, em 27.01.16

Não deixo de me espantar quando, ao ver filmes antigos, alguém saca de uma bolsa e paga a despesa com notas ou moedas. Poucas pessoas hoje sabem o que era esse dinheiro físico e, portanto, é difícil imaginar a ansiedade da personagem que perdeu a carteira com dinheiro (e quantos filmes antigos são baseados numa história desta forma: uma mala cheia de dinheiro perde-se e o herói tenta recuperar a fortuna perdida, vivendo diversas peripécias). Devia ensinar-se na escola, mas os nossos avós usavam pequenos rectângulos de papel para pagar compras. Há cem anos, podiam ser feitos pagamentos usando cartões de plástico e até telemóveis, mas a forma comum era por intermédio de dinheiro físico, marcado em pedaços de papel, que circulava de mão em mão. Já estou a imaginar as expressões de horror de quem me lê, a perplexidade dos leitores com uma coisa suja que passava de mão em mão, mas era mesmo assim. Os rectângulos chamavam-se notas de banco e podem ser observados em museus ou colecções de antiguidades. Tinham símbolos dos países que emitiam esse dinheiro e complexas formas que serviam de segurança, para evitar imitações, que eram aliás fáceis de fazer. Fabricar moeda falsa era um crime grave e também há muitas velhas histórias em torno dessa actividade.

O dinheiro em circulação tinha de ser calculado e, por vezes, havia dificuldade em trocar as quantias exactas, recorrendo-se a objectos redondos, chamados moedas, fabricados em metal e que tinham valor inferior às notas. É uma situação que raramente se encontra em filmes ou romances antigos, mas a minha avó contava-me que por vezes não havia moedas nas lojas e tornava-se difícil receber o excedente do pagamento, os chamados trocos (pelo menos foi assim que ela me contou que acontecia). Também falou no incómodo de ter muitas moedas no bolso. As moedas e notas deixaram de ser usadas após o grande vandalismo, nos anos 30, e a singularidade, em meados do século passado, mas o uso do telemóvel para fazer pagamentos já existia na primeira década do século XXI. São curiosidades, enfim, de uma era que já lá vai.

Nevões

por Luís Naves, em 25.01.16

Depois da inundação, os nevões sérios, com quase um metro de neve. Lisboa fica na mesma latitude de Washington e, após o enfraquecimento da corrente do golfo, o clima modificou-se. Se lermos os livros antigos, encontramos relatos de invernos suaves, e julgo que ao longo do século XX apenas em dois anos nevou em Lisboa, e somente nas zonas mais altas da cidade. Isto começou a mudar em meados do século XXI, quando se instalou um clima mais seco e extremo, com chuvas catastróficas concentradas em poucos dias, semanas e meses sem uma nuvem no céu, verões insuportáveis e nevões de inverno, em cada ano, sobretudo no final de Janeiro. Com neve abundante, Lisboa fica quase paralisada. É muito estranho não ver as pessoas a esvoaçar como pássaros, seguras pelas suas mochilas de propulsão magnética; é estranho não ver as multidões apressadas, em cima dos seus skates ultra-rápidos, que obviamente não podem deslizar na neve; é estranho pressentir que os cidadãos se escondem nas caves dos edifícios, por vezes vinte andares abaixo do solo; é estranho sentir a baixa luminosidade à superfície, o capacete de nuvens grossas, a luz artificial a romper a neblina; e não deixo de associar a neve a um estranho cheiro frio, sei que é ilusão, sei tudo isso, uma impressão apenas minha, mas não deixa de ser estranho o abrandamento dos ruídos normais, como se Lisboa estivesse adormecida, debaixo de um colchão de penas brancas, muito fofo e quente.

Se a magoei, não me posso perdoar...

por Luís Naves, em 20.01.16

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Estou cada vez mais preocupado com a história do outro eu. Começou a desaparecer dinheiro das minhas contas bancárias, o que implica algo de inexplicável, já que ninguém pode imitar a minha retina. Como é possível tal acontecimento, excepto se for eu próprio a sacar o dinheiro, sem me lembrar depois do que fiz? Terei assim uma vida clandestina que, embora seja vivida, é logo apagada da minha própria memória?

Ando doido com estes pensamentos e recordo-me do medo que senti na alucinação que contei aqui no meu diário, quando me pareceu ver alguém igual a mim, mas que era obviamente um delírio da imaginação ou uma impressão sonhada que me pareceu concreta. Terei existência dupla? Mas não é possível uma amnésia assim, ou teria de me lembrar pelo menos de uma parte dos meus dias clandestinos: haveria sempre rastos, pequenas memórias persistentes, mas não há nada disso: os meus dias passam-se em rotina de leitura, na escrita do diário, no silêncio da minha casa, na solidão do nosso tempo. Parece que não me acontece nada.

No final, pouco lembro daquilo que faço, mas o sentimento de inutilidade é diferente da ideia de uma parte de mim existir num plano que não recordo. Esse outro sai de minha casa e tira dinheiro da minha conta, mas devo ser eu, pois a segurança dos pagamentos é absoluta. Se houvesse outro eu dentro de mim, a minha robô, Norma, avisava-me e convencia-me a procurar ajuda. O facto é que esse outro esteve numa festa e insultou pessoas, fazendo-se passar por mim, mas devia ser eu, pois toda a gente me reconheceu dessa forma. Ontem, soube uma coisa ainda mais alarmante: uma das pessoas insultadas no episódio foi a minha infeliz amiga, Laura, o meu amor platónico e puro. Não conheço ainda os pormenores do que lhe sucedeu (do que nos sucedeu), não tenho a mínima recordação e os que podem explicar recusam-se a atender os meus telefonemas: na última vez que vi Laura, à beira rio, dissemos adeus com a mesma profunda amizade de sempre. Laura não é bonita, longe disso, mas é a pessoa mais humana que conheço, uma alma delicada, incapaz da agressividade, do sarcasmo, do ciúme. Que lhe terei eu feito? Se a magoei, não me posso perdoar.

Explicando a grande estagnação

por Luís Naves, em 19.01.16

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Em textos anteriores tentei explicar o que levou ao período crítico que se instalou no mundo industrializado entre finais do século XX e o primeiro terço do século XXI e, como qualquer aluno hoje sabe, culminou nas devastações do Grande Vandalismo (década de 30 do século XXI), a que se sucedeu finalmente a Singularidade. As causas do problema estão sobretudo nas reacções à globalização acelerada que caracterizara os últimos anos do século XX, no final da Guerra Fria, quando surgiram novas tecnologias de informação e as primeiras redes digitais. Julgo existir outro factor: o aumento veloz das desigualdades, que provocou descontentamento e conduziu as democracias liberais a uma crise de legitimidade, com o aparecimento de formações de carácter populista, ou seja, anti-elitistas.

Os partidos tradicionais foram perdendo força, permitindo a ascensão progressiva de alternativas que começaram a travar o processo de globalização. Os países pobres tinham desvantagem, pois limitavam-se a exportar matérias-primas e as suas economias eram frágeis, as elites corruptas e gananciosas. Estes países viviam em constantes bolhas e estoiros, enquanto os ricos absorviam proporção cada vez maior do bolo global. Nas sociedades dos países avançados, ocorria um fenómeno semelhante, que funcionou enquanto a abundância permitiu que todas as classes sociais enriquecessem um pouco.

Quando a procura global diminuiu e os Estados endividados começaram a reduzir os seus orçamentos, cortando no emprego público e no investimento, o mundo entrou numa estagnação que viria a durar duas décadas e meia. Ao reduzir a redistribuição de rendimentos, este contexto permitiu enriquecer os ricos, levando os pobres a maior pobreza. A acumulação de descontentamento esteve na origem dos motins da década de 30. É esta a minha explicação, que baseio em leituras de livros esquecidos, mas estou disponível para discutir esta tese.

Uma notícia incompreensível

por Luís Naves, em 18.01.16

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Tenho andado isolado, metido nas minhas rotinas na biblioteca pública, a ler livros que ninguém requisitou durante décadas. Ontem, a caminho da biblioteca, encontrei na rua um conhecido e, no meio da conversa, ele disse uma coisa estranha: que nos tínhamos encontrado em determinada festa e eu fizera ali uma figura, enfim, ele não quis colocar a questão dessa forma, mas entendi que teria sido uma triste figura. Fiquei perplexo, tentei esclarecer logo ali a insinuação, julguei que ele teria ouvido uma história mal contada, talvez me tivesse confundido com outra pessoa, mas não, este meu conhecido insistiu na sua história: vira-me na festa, ainda em estado de sobriedade, mas já a falar demasiado alto e a mostrar uma conduta incorrecta; ele hesitou na palavra, não me queria ofender, começou por dizer que fora inconveniente na ocasião, depois fiz-lhe algumas perguntas e, pelas respostas, entendi que a minha atitude fora anormal e até ofensiva em relação aos outros convidados. O resto do relato era uma versão do que acontecera depois de ele sair do local: o meu comportamento degenerara em incorrecção ébria, depois em violência. Assegurei-lhe que nunca estivera nessa festa, que se tratava de um erro, mas o meu conhecido não aceitou a explicação: “Estive mesmo ao seu lado, assisti a uma parte da conversa em que tratou muito mal uma senhora, você estava bastante exaltado”. Deu a entender que não percebia a falta de coragem em assumir o que se fizera e despedimo-nos secamente, ele a ponderar na minha duplicidade, eu seguindo o meu caminho com a alma angustiada. Alguém garantia a pés juntos que me vira num local onde nunca estivera. Como era isso possível? E admiti, por um instante, que se passava algo de inquietante, talvez me tivesse transformado numa personalidade dividida, a parte lúcida sem noção do que fazia a monstruosa.

Tentando explicar três décadas de crise

por Luís Naves, em 14.01.16

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Os antigos preocupavam-se com as clivagens entre esquerda e direita, mas na realidade o que existia era oposição entre pragmatismo conservador e ilusões populistas. Isto correspondia a duas visões diferentes da realidade, o que explica a erosão dos partidos tradicionais que tinham construído a sociedade estável do final do século XX. Na crise do primeiro terço do século XXI, que culminou nos movimentos do grande vandalismo (a que alguns historiadores chamam a flagelação), o modelo de democracia liberal estava já em dificuldades. As elites tinham fracassado: os intelectuais viviam em bolhas de fantasia, os donos da economia tinham atraiçoado o próprio capitalismo, os líderes políticos manifestavam a sua incapacidade de acção. A crítica populista que se espalhou pela Europa nas três primeiras décadas do século sublinhava com demagogia como o homem pequenino era massacrado: nos anos anteriores, os gestores ganhavam bónus milionários cada vez que despediam milhares de trabalhadores das suas empresas, o que melhorava a produtividade e acentuava a crise social. Era isso o capitalismo? A injustiça e o absurdo? Então, diziam os demagogos, não o queremos, como não queremos políticos cheios de banalidades e regras burocráticas, não queremos intelectuais que, omitindo o seu verdadeiro pensamento, falam em linguagem opaca e elitista.

A esquerda tradicional das democracias liberais já não tinha soluções para um mundo em mudança que, naquelas condições demográficas, não podia manter as estruturas do Estado social criadas no século XX. A direita foi por sua vez ultrapassada quando tentava conceber um modelo de Estado mínimo, algo que contrariava a crescente complexidade da sociedade global. Os populistas eram anti-elitistas, mas defendiam um Estado forte. Fracassaram mais tarde, em meados do século, por tentarem gerir a singularidade e a respectiva vaga de globalização adicional. Daí as desordens. Esta é a melhor explicação que encontro para as vagas políticas que destruíram a democracia liberal na Europa no primeiro terço do século XXI, mas posso estar a esquecer outros factores.

O Chiado de ontem

por Luís Naves, em 12.01.16

Alguma avaria fizera parar as escadas rolantes, que são antiguidades, e tive de subir a pé, a perder o fôlego. Subi penosamente. Lá em cima, observei à volta, tentando perceber os detalhes daquele museu vivo. Alguns jovens conversavam em algazarra na base da estátua do poeta Chiado; eram anarquistas mal lavados e de longas tranças, acompanhados de pequenos cães acrobatas; e havia turistas sentados na esplanada da brasileira, como se estivessem na plateia do antigo São Carlos a ouvir uma cantora gorda; e uma mulher abraçava um Fernando Pessoa de bronze, em pose sorridente para a fotografia; levava uma recordação desta cidade lírica... Havia bandos de transeuntes por ali a pastar numa pacatez pastoril e os outros eram figurões verdadeiramente parados e que pareciam esperar em vão alguma coisa. A luz oblíqua do final de tarde iluminava as costas de Camões, o sol dourado entrava pela rua Garrett e inundava as vitrinas das velhas lojas de antiquários, transformando a calçada branca num grande espelho. Por todo o lado havia sinais de decadência, cenário de teatro, a caca dos pombos, as paredes podres e manchadas, o bolor cobrindo o país de fachada. Juntei-me aos que esperavam, mãos nos bolsos, a gabardina a deixar entrar um agudo golpe de vento; permaneci meio distraído, a olhar as caras; disformes, quase todas. Como são feias as pessoas de verdade, foi o que pensei, pois naquela tarde via sobretudo os defeitos, o medo caramelizado e a dúvida nos olhares furtivos, a pasmaceira das ideias repetidas, as vidas sem beleza, arrastando-se por vielas de agonia, ora acordadas, ora a dormir. Era como se cada pessoa transportasse um pesado fardo com todas as suas recordações, à maneira de tralha inútil. E pensei: levamos connosco a vida que temos e todos os objectos desnecessários que pertencem a essa vida e que, depois de nós, serão igualmente desnecessários.

Roma imperial

por Luís Naves, em 11.01.16

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Escrevi aqui sobre as parecenças entre o mundo contemporâneo o do século XVIII, mas o Alexis, em conversa, afirmou que a melhor analogia é com a Roma imperial. A ideia não deixa de ter fundamento, pois a nossa sociedade é constituída por uma aristocracia que se dedica ao poder e por uma classe média que vive mais ou menos na ociosidade, havendo depois os não-cidadãos (entre nós os migrantes) e os escravos, as máquinas inteligentes. Tal como acontecia em Roma, onde os ricos podiam ter centenas de escravos, um milionário actual possui habitualmente um pequeno exército de robôs, enquanto uma pessoa da classe média tem apenas dois ou três. O Alexis tem 56, eu tenho apenas dois, sendo isso que distingue as classes sociais (no caso, um herdeiro rico e um pequeno intelectual).

Ao contrário de Roma, os nossos escravos não se importam de o ser, mas isso não impede tensões sociais, sobretudo por causa dos migrantes e refugiados, a classe de não cidadãos e biscateiros, representando dois terços dos habitantes de Lisboa, mas com escassos direitos políticos: os migrantes que não estejam desocupados dedicam-se a pequenos serviços e controlam as actividades ilegais, incluindo o homicídio, mas sobretudo querem tornar-se cidadãos e procuram por todos os meios conquistar um lugar ao sol. Existe ainda outra semelhança, diz o Alexis: os cidadãos trabalham pouco e têm subsídios garantidos, geralmente empregos inúteis ao serviço da burocracia do estado. Em troca, elegem os partidos aristocráticos, que dominam o verdadeiro poder. Até existe a semelhança do desporto favorito ser igualmente brutal nas duas sociedades, entre nós sem humanos à mistura. Os desportos antigos extinguiram-se (há cem anos, toda a gente apreciava futebol) perdendo qualquer graça com o desenvolvimento de humanos melhorados; agora, vemos os robôs a espatifarem-se uns aos outros em combates. Enfim, é igualmente preciso entreter as massas e ventilar a sua agressividade e descontentamento. E as máquinas não se importam de morrer, ou assim o julgamos.

Aparição

por Luís Naves, em 10.01.16

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Assustei-me ao ver aquela figura pálida a caminhar na minha direcção, sorrindo de forma que me pareceu perversa. De súbito, via à minha frente a minha própria imagem ao espelho, mas não havia espelho algum entre nós, aquela era apenas uma pessoa igual a mim, ou o que me pareceu ser uma pessoa, enfim, não era sonho, embora o episódio pudesse tratar-se de alucinação, de um erro da minha parte, do efeito da bebida (sim, confesso, bebera demasiado nessa noite). E a imagem ao espelho não era isso, pois a minha cicatriz na testa fica sempre do lado direito quando me olho ao espelho e, no caso deste estranho silencioso, estava claramente à esquerda a mesma cicatriz que eu tenho. E, quando me refiz do susto, vendo claramente que alguém igual a mim me observava com curiosidade e em silêncio, tentei falar e apenas me ocorriam palavras inúteis, incapazes de traduzir o meu espanto. A cena durou poucos segundos. Depois, tão depressa como aparecera, o homem mergulhou de novo nas sombras, num nevoeiro que a pálida luz dos escritórios ainda iluminava tenuemente. Enquanto na boca do estômago sentia uma poderosa náusea, comecei a imaginar que esse outro semelhante a mim teria uma existência própria e devia, por isso, conhecer as pessoas que eu conhecia. Talvez isso explicasse a estranheza com que alguns amigos agora me recebem, como se testemunhassem a aparição de um fantasma.


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