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viagem da imaginação
Norma parecia mais vulnerável. Sentara-se na poltrona, muito direita e quieta, como se pensasse intimamente em dilemas profundos. Tinha os olhos fixos na sua própria imagem no espelho. E ao observá-la de fora, reflecti, com nitidez, que ela não se agarrava à vida à minha maneira, pois eu nem precisava da consciência para me prender a cada novo sopro de ar. O que seria para ela existir? Não era apenas experimentar a passagem do tempo, a respiração, o instante seguinte, a sequência dos dias e dos movimentos, o pensamento seguinte, nada disso, de súbito era tudo mais vasto, havia outros horizontes, a preocupação de entrar totalmente na eternidade daquele momento, a vibração de cada fibra do corpo, a imortalidade do eu no instante efémero.